segunda-feira, janeiro 21, 2008

levantei sem acordar
e tropecei.
no sonho, na gente,
em você
ainda em meu hálito, nos meus olhos em brasa

escovei o rosto, lavei os dentes
café

e você
grudada na manhã

na minha manhã

insistindo

invadindo
voltando

estando em lugar
de onde já foi embora

atrasado

até então, nada era cor. não tinha arco-íris, nem varanda. tinha peão, e pique, mas sem as risadas, e os estalos de pé corrido no chão. tinha corda, e feriado. mas era mudo. como filme antigo, sem os ecos de passarinho e sem grito do moço do algodão doce no portão. antes daquela esquina de boca, do perfume de apagar cigarro, não tinha domingo. tinha o dia. mas não o fresco, nem o assobio. e então, na dança de narizes, a pele de água. e de repente tudo, e mais. e nós. tão paladar. tão rolar de ribanceira em grama boa, tão fruta. e isso, que não se sabe som. banho de doce, de mão morna no rosto. fogo no forro de si. tão fogo e tão forro, que meu. tão meu e dela, tão nosso, que dor. dor demais. não deu.

pedi pro vento outra chance, outro alcance. outro eu.

um que não chegue atrasado. um seu.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

pré-música 1ª

de tanto tato
e cheiro
e gosto de flor,
me afoguei

suspiros
e ontens
não quis nadar,
não quis nada
pulei

no reflexo d'água borrão
colorido, bonito
deixei

ê sereia
de asa
da mata

toma esta garrafa
bebe a carta

fui eu quem mandou

me levar (te letrar)
me leva

pro mar que chorei

que jorrei
me valei
se faz lei

se chegar
eu cheguei