quarta-feira, julho 29, 2009
terça-feira, janeiro 27, 2009
New glasses ... or Eva F.
depois de alguns meses desde que os perdi, comprarei novos óculos. é que te ver tão perto tem sido das coisas mais lindas, e eu não quero perder nada, nem um detalhe.
Little lady... or Eva F.
e no que me cogitei hipérbole, ela atravessou a avenida e o entendimento. hoje, não pergunto mais as horas, ouço risadas graves nas chaminés de dezembro, e choro na posse do Obama.
domingo, janeiro 11, 2009
quarta-feira, dezembro 17, 2008
o reveillon de pc.
hoje, acho que decidi. pela 4ª vez, talvez. e é difícil garantir que será a última, eu sei. há o risco de gargalharem. tudo bem. há o risco de mais uma vez, bêbado, me surpreender com um bom motivo pra ligar. há o risco de ter me tornado, afinal, o fraco que me assombra. mas há sempre, não é? um risco. não há, sempre um risco? na verdade, foi ele que nos trouxe até aqui, mesmo que você não se dê conta agora. riscos de diversos tipos e maneiras. mas vamos reduzir o infindável grupo, e escolher cada um, um risco como ponte, como veículo, até esse aqui-agora, esse em que você está, e que evoca o momento em que eu estava, quando escrevi este prenúncio de ano-novo. eu escolho ter arriscado saber das coisas. você não pode interagir tão intensamente assim, então seu risco-ponte pode ser ter entrado aqui e arriscado seu precioso tempo numa leitura que poderia ser mais uma pseudo-literatura escrota em meio ao imenso mar escroto que embala nossas idas e vindas web a dentro - e pode ser que seja mesmo. desculpe, eu não me apresentei. me chamo pc, e escrevo aqui de vez em quando, pra desanuviar. eu tava falando sobre decisões, sobre resoluções, e sobre o quão elas começam sinceras, mas tem a tendência de nos fazerem idiotas, ou mentirosos, depois. mas o ano novo se aproxima, ouvi uma garotinha comentando na vila hoje. todos estão fazendo votos, mantrando planos, definindo resoluções pro ano que vai nascer... e apesar de são bukowski com certeza desaprovar, eu vou decidir algumas também, que eu vou tentar - juro por maria madalena -, algumas coisas que dessa vez eu vou tentar cumprir, dessa vez vou. sei que falar 'dessa vez' te inspira pouca confiança, mas tenho um argumento a meu favor: hoje, algo realmente mudou. sim, hoje eu não estou só sangrando por dentro. hoje, mesmo estando na prateleira, eu realmente passei a querer que isso acabe. pode rir. este detalhe, dizem ser o primeiro passo, e a gente nem sempre quer a direção que toma, mesmo isso sendo meio paradoxo. então, ok. (fôlego...) eu quero que no próximo ano, logo no início, ela saia pela porta dos fundos, sem fazer barulho. que ela seja feliz - o que evidencia a maturidade deste meu momento. e ela provavelmente vai ser mais feliz mesmo, com alguém menos andarilho, menos bêbado, menos romântico, menos inquieto, menos dela, menos cara-metade, alguém assim... menos eu. vou sair agora e comprar minha garrafa azul - tenho economizado as gorjetas do lava-rápido. vai ser assim: vou aguardar os primeiros fogos, fechar os olhos, e dar 3 goles(um pro são-meu-instinto, um pra xangô, e um pra ela). depois disso... as coisas vão mudar por aqui. eu decidi.
Marcadores:
farrapos de ontem: dez,
nove,
oito,
sete...
domingo, dezembro 14, 2008
one of a kind
- me mostra.
- vai embora.
- não.
- vai ou eu te apago.
- assim?
- assim.
- e acaba assim?
- assim.
- você não me apagaria.
- por que não?
- por que não sou só eu aí. você não se apagaria tanto assim, só por minha causa.
- ah, não?(levando as mãos à cabeça)
- tira a mão daí.
- estou prendendo o cabelo.
- afasta as mãos das têmporas!
- fala baixo!
- me mostra e eu vou, eu sigo.
- ele não tá aqui.
- então fala dele.
- ah, não fode! (trago)
- você pegou de volta? não é mais meu?
- (fumaça, e outro trago)
- brotava aí sempre que você me via.
- você não está mais vendo, está?
- e agora é dele?
- talvez.
- talvez não serve.
- é o que eu tenho pra você.
- você fala como se não soubesse.
- não soubesse do que?
- que no fim a gente vai ficar junto.
- eu estou apaixonada por ele.
- o seu olhar pra ele. se eu ver que agora é dele, eu...
- e quando vir?
- eu vou entender que pode mesmo ter sido só um esbarrão casual, a nossa história. que eu to errado. e aí eu te apago também.
- mentira.
- talvez.
- talvez?
- pensando bem, mentira sim.
- você mentiu?
- sim, eu não entenderia. e não te apagaria, na verdade.
- porque não?
- não é o que eu quero.
- e desde quando você sabe o que quer?
- sempre soube o que eu não quero.
- cala essa boca.
- e acho que eu quero você.
- você acha...
- você toma como pessoal?
- sim, e instransferível. enquanto você brinca de se encontrar, você tem eco aqui! dói, seu idiota egoísta!
- ...
- ... você quer falar algo mais?
- não me deleta. eu to aprendendo...
- aprendendo o quê?
- a gente, a dimensão disso, dessa pausa. não quero mais. a pausa. não quero mais a pausa.
- too late, my boy...
(reset)
- vai embora.
- não.
- vai ou eu te apago.
- assim?
- assim.
- e acaba assim?
- assim.
- você não me apagaria.
- por que não?
- por que não sou só eu aí. você não se apagaria tanto assim, só por minha causa.
- ah, não?(levando as mãos à cabeça)
- tira a mão daí.
- estou prendendo o cabelo.
- afasta as mãos das têmporas!
- fala baixo!
- me mostra e eu vou, eu sigo.
- ele não tá aqui.
- então fala dele.
- ah, não fode! (trago)
- você pegou de volta? não é mais meu?
- (fumaça, e outro trago)
- brotava aí sempre que você me via.
- você não está mais vendo, está?
- e agora é dele?
- talvez.
- talvez não serve.
- é o que eu tenho pra você.
- você fala como se não soubesse.
- não soubesse do que?
- que no fim a gente vai ficar junto.
- eu estou apaixonada por ele.
- o seu olhar pra ele. se eu ver que agora é dele, eu...
- e quando vir?
- eu vou entender que pode mesmo ter sido só um esbarrão casual, a nossa história. que eu to errado. e aí eu te apago também.
- mentira.
- talvez.
- talvez?
- pensando bem, mentira sim.
- você mentiu?
- sim, eu não entenderia. e não te apagaria, na verdade.
- porque não?
- não é o que eu quero.
- e desde quando você sabe o que quer?
- sempre soube o que eu não quero.
- cala essa boca.
- e acho que eu quero você.
- você acha...
- você toma como pessoal?
- sim, e instransferível. enquanto você brinca de se encontrar, você tem eco aqui! dói, seu idiota egoísta!
- ...
- ... você quer falar algo mais?
- não me deleta. eu to aprendendo...
- aprendendo o quê?
- a gente, a dimensão disso, dessa pausa. não quero mais. a pausa. não quero mais a pausa.
- too late, my boy...
(reset)
domingo, novembro 16, 2008
terça-feira, novembro 11, 2008
sobre um clichê inocentado.(com 'senhas', da calcanhoto)
"diversidade" é boa palavra, dizem. eu concordo. as aspas, por exemplo, usei pra dar destaque ao verbete. respeito o termo. vejo nele um certo teor revolucionário, sabe? há, por exemplo, os uniformes que protegem a diversidade das espécies. as correntes da diversidade de modos de vida, de culturas. talvez seja esse o principal argumento da marcha anti-globalização. meio assim: meu neto, talvez não chegue a saber o que é 'saci'. minha irmã de 11, já tá pouco se fudendo, curte 'high school musical' e tá feliz, crescendo. e sem saudosismo. aquele papo de vó de que "no meu tempo...", não é exatamente o que se pretende aqui. mas pensando nisso pelas pesquisas da madrugada, dei de cara com o 'slow life', uma ideologia que prega um existir menos apressado. pausa: isso é revolução, caro leitor de blog, e da mais vertiginosa. pense comigo, que nem sempre o mundo esteve engatado em 5ª marcha. para dar conta de uma tarefa 'x', José precisava de orgânicos 4 dias. você, capaz que é, se ofereceu finalizando em 2. seu vizinho adora café, e mata essa em 1 dia, olha que eficaz. nesse processo de alta performance e superação, o homem se inventou robô, elevou seu rendimento funcional. aplausos? nessa de priorizar a casca, os eticétaras vieram com força, e aí aquela merda toda: aquecimento global, divã lotado, cultura do medo.... recuperar o entendimento de que água de côco combina com paletó, afrouxa a gravata do mundo. é raro, e isso por si só já faz da coisa algo interessante. é a tal da diversidade gritando por espaço, tentando te fazer lembrar dela apesar da memória curta da geração rivotril, que acredita que o normal é isso aí. artista de plataforma é o caralho. vida é invenção, respeitável amigo. escreve umas coisas a que você queira se propôr num papel, e aí prega num lugar visível. e um beijo se isso soa azulzinho demais, olha mais de perto. ou você pode ficar por aí, se quiser. eu já to em outro mundo, e aqui o brilho no olho tá correndo solto.
Marcadores:
ou 'sobre brilho no olho enquanto argumento'
segunda-feira, novembro 03, 2008
bailapso
era carnaval, acho. havia lantejoulas, corpos cintilantes... whisky a meio preço. na caixa de grave, uma versão daquela musica do milton... como era(?)... e uma colombina também, de vermelho, acenando de um dos cantos da varanda, bonita como só colombinas podem ser. como de costume, minhas memórias de pierrot encontram-se misturadas às ficções do meu olhar torto. na verdade acho que sou um cara torto. devia ser meu sobrenome: joão torto. deve ter até certa poesia nisso, mas vai saber... era o 2º baile, e acho que o joão já não era tão sensível como era no tempo do "pra sempre". não apostaria a mão se o perguntassem o que viu no fundo daqueles olhos, tão inconfundíveis e familiares. até o 1º baile, ele diria que algo seu residia lá, algo exclusivamente seu, que nem josés, nem manecos poderiam tirar daquele buraco negro. que desde sempre eram, ele e ela, encontro marcado, eram chave única e fechadura, que ao se encontrarem forneciam acesso a uma dimensão desconhecida, virgem, que nunca seria acessada se não se tocassem. diria que do banco traseiro do taxi que dividiram de volta à cidade, emergiram lábios recíprocos, e também uma memória-corpo, um reencontro muscular completo se entranhando nos dias que viriam a seguir. mas no baile seguinte, nuvens esparsas nebularam a previsão. e do outro lado daqueles olhos de abismo, do lado de dentro, não se sabe se havia de fato aquele alguém, esse com quem a tal memória-corpo fora compartilhada no festejo anterior - memória que ele, por ser-se, poderia ter criado afinal, o que é sempre difícil perceber. me vieram à cabeça os rostos dos palhaços que passaram pela minha infância. eu os achava ridículos na época, e pode haver algo em comum entre nós. pode haver um bobo no espelho. um joão bobo que só quer saber do que pode dar certo, mas que aqui, pendula, sem saber diferenciar. a síntese? há um alarme tocando entre meu tórax e meu abdôme, poucos graus à esquerda. e a sirene - megalofônica - me acusa de ter quebrado um vaso precioso, daqueles de dinastias imperiais, ou sei lá o que. talvez um depositário, onde guardaríamos, eu, o pierrot-joão-bobo, e a colombina-abismo-de-vermelho, o registro dos mais bonitos caminhos cruzados de que já se teve notícia.
então, como desliga?
little dance party
there are no news in lonetown
just the same shadow dancing
and the fake peripheral heart blindness
shut up, skin.
just the same shadow dancing
and the fake peripheral heart blindness
shut up, skin.
segunda-feira, outubro 27, 2008
obrigado
por algum motivo, sempre senti que fazer aniversário é como pedir a conta, uma espécie de balanço do quanto e de quantas pessoas você cativou durante a vida. pra mim, com essa coisa meio andarilho, que sempre acreditei no ser só como clichê inocentado em mim, o prazer veio como um tapa. nesse outubro, muitos sorrisos visitaram meu dia 13, roubando dele quase toda a melancolia própria ao período. como soco no oco das minhas poucas certezas, até lágrima ganhei, tão bonitos os do peito, os de amor. vi num filme esses dias, e depois do gesto-presente, resolvi trazer pro rol das frases-religião: "se somos todos sozinhos, então estamos juntos nessa".
acho que vai ficar.
eles que trouxeram. (vocês)
sábado, outubro 04, 2008
sexta-feira, outubro 03, 2008
quinta-feira, outubro 02, 2008
do link entre sensibilidade e alforria.
ônibus que freia. criança que grita.
pombos se assustam. calçada se agita.
sirene não toca. gente aglomera.
sirene não toca. gente aglomera.
rio magenta."não mexe!", na janela.
doutor de esquina. ponteiro rodando.
doutor de esquina. ponteiro rodando.
a chuva caindo. mendigo chorando/
- o post continuaria, mas a pespectiva que escreve ainda é propriedade. e tinha que ir.
- o post continuaria, mas a pespectiva que escreve ainda é propriedade. e tinha que ir.
domingo, setembro 28, 2008
série
um oferecimento, eu não gosto de política
um oferecimento, cara-metade alguém vai me completar
um oferecimento, na segunda eu começo
um oferecimento, comprovado cientificamente
um oferecimento, te ligo vamo se falá
um oferecimento, mega uber contemporâneo
um oferecimento, certeza absoluta
um oferecimento, papo cabeça sou profundo (...)eco
hoje
eu
quis
ser
ontem
e corri de chuva, ela marquise.
água não mata - alguém falou
mas eu sou sede
eu sou sede
Marcadores:
às vezes ri e volta.,
de como o que passa
ritmado
ela vê em mim o que eu não sou
ela vê em mim o que nem tem
e eu querendo o gasto dela
a outra ela
o relaxado dela
o bobo dela
eu querendo o feio dela
o dentro dela
pra ver se é mais
ou não.
quinta-feira, setembro 25, 2008
dois mundos sentados em frente ao mar:
- letra?
- "C".
- cantiga.
- cantinho.
- eu quero ser, coberta.
- eu quero ser... coringa.
- contador de ondas.
- quero ser, cama.
- chuva.
- !
- que foi?
- é que eu sempre quis ser chuva...
- como assim?
- não sei. coisa de criança. sempre quis...
- eu quero. ser criança.
- lembro que eu apostava com meu irmão quem descia do beliche mais devagar, de cabeça pra baixo.
- voce ganhava?
- ele, sempre. por isso chuva. sabe? na janela. escorrer devagar.
- bonito isso. chuva me lembra tanta coisa sem nome.
- boas?
- muito.
- tipo o que?
- ah, não tem nome. é uma sensação. saudade, acho.
- faltar à aula e ficar vendo tv no tapete?
- isso! isso! sessão da tarde, os goonies,...
- sociedade dos poetas mortos...
- isso não é sessão da tarde.
- claro que é!
- eles morrem, é pesado, claro que não.
- trabalho de grupo com gente de nome e sobrenome!
- hahaha! luiza fortes, luisa peralta, joão figueroa...(risos) genial...
- sabe que eu achava que era cheiro de chuva? um dia minha mãe disse que era de terra, molhada. achava tão melhor de chuva.
- mas mesmo assim é. da chuva. né?
- não exatamente.
- exatamente não existe.
e a nuvem úmida que se aproximava sem que eles se dessem conta, deu pra eles uma história pra contar.
quarta-feira, setembro 24, 2008
marília gabriela.2
Tem pensado no valor do tempo, em como o gasta, e se fica feliz com isso. Tá parando de fumar, de comer mal e de rir sem estar afim. Escreve, mas não sabe se blogueiro é escritor. Não gosta de cerveja, mas tem sempre vinho barato embaixo do braço. Atua, mas acha que se dizer “ator” deixa de fora a pesquisa de movimento, que é quase dança, e as intervenções poéticas na “No Hay Banda”, que são quase canto, ou chegam a ser. “Performer”, disseram. Achou muito americano, tá pensando.
terça-feira, setembro 23, 2008
marília gabriela
tem moleskine pirata, é gago eventual, fala sozinho na rua, e dorme deitado. rascunha diálogos pseudo-profundos, proesias de pontuação estranha, e ainda ouve, anda, é ator e lê panfletos. dorme cerca de 4 horas e 23 minutos diariamente, dança expressionismo, vocaliza em uma banda de jazz, e é produtor multidisciplinar. regularmente, é visto com uma garrafa vinho barato em baixo do braço. também pesquisa a cena atemporânea, rouba chapéus, e performa. é o coordenador do Brecha Coletivo, núcleo de (cri)ação artística, e nos anos 80, foi o único vencedor do 113298863º registro geral do Instituto Félix Pacheco. aos domingos, gosta de assobiar como passarinho.
segunda-feira, setembro 22, 2008
havia na nova relação de amor, certa vontade de enamoramento. ambos celebravam pequeno suas congruências e equivalências íntimas. dejà vus de si no outro, coincidências improváveis, semelhanças inatas e, no canto da boca, um sorriso atestado da raridade do encontro. vez em sempre, associavam à espelhitude a tal potência, chegando talvez a procurá-la. não que se inventassem duplos, mas talvez iluminassem preferencialmente apenas parte do quadro todo, deixando calada porcentagem considerável de si - pulsão de cara-metade, um desses fenômenos inconscientes chegados via herança romântica. com o tempo, senhor dos contornos e das arestas, novos caracteres emergiram em meio ao conhecido. e o diverso, enquanto desconhecido, fez-se inseguro - ainda que não fosse. e o inseguro - que é mau alicerce - fez-se questão. a diferença, a princípio eventual, tomou mais tarde as madrugadas. em algumas semanas, já eram dela os silêncios no carro, e as filosofias de botequim(separaram-se). mas os ponteiros giram...
mais a frente na linha do tempo, reencontro.
e nele a possibilidade de ampliar a perspectiva - retrospectiva.
o sol desce, a lua vem, e num estalo, o sol a voltar - !
abraço longo.
e o entendimento de que o "se" tem algo de papai noel.
boa ficção, e nada mais.
boa ficção, e nada mais.
conheciam-se
e amavam-se enfim.
agora sim
e amavam-se enfim.
agora sim
terça-feira, setembro 16, 2008
recorde baleiro
sinal vermelho.
meta: 8 retrovisores da paralela meio-fio direita. começa a música de ação - ele vai.
da faixa de pedestre até o 9º carro da fila, 8 segundos.
estalo de pé crú no asfalto. quase percussão, complementando a trilha de volta até o primeiro retrovisor(aos 12 segundos).
o sinal abre
bala; 2 em nota; bala; 4 de 0,50; 3 balas(não vai dar); 2 de moeda[auge do ritmo], bala no chão(espera!)... bala.
folegando, fo-legando, fo-le-gando, fo-le-gan-do
sorriso discreto e nova marca: 19 segundos, um a menos.
carros, 9. dois a mais.
a-ahá
eu vô pá pequim, rapá!
_
e foda-se que não vai ser lá, né?
meta: 8 retrovisores da paralela meio-fio direita. começa a música de ação - ele vai.
da faixa de pedestre até o 9º carro da fila, 8 segundos.
estalo de pé crú no asfalto. quase percussão, complementando a trilha de volta até o primeiro retrovisor(aos 12 segundos).
o sinal abre
bala; 2 em nota; bala; 4 de 0,50; 3 balas(não vai dar); 2 de moeda[auge do ritmo], bala no chão(espera!)... bala.
folegando, fo-legando, fo-le-gando, fo-le-gan-do
sorriso discreto e nova marca: 19 segundos, um a menos.
carros, 9. dois a mais.
a-ahá
eu vô pá pequim, rapá!
_
e foda-se que não vai ser lá, né?
sábado, setembro 13, 2008
foi
quando você chegou
que eu vi
nascer
o espelho que eu mais gosto
o espelho que eu mais gosto
pela porta
encostada
que eu deixei
eu deixei
quando você chegou
que eu vi
nascer
o espelho que eu mais gosto
o espelho que eu mais gosto
volta
pela porta
encostada
que eu deixei
eu deixei
Marcadores:
às vezes ri e volta.,
de como o que passa
sexta-feira, setembro 12, 2008
pré-instalação
há 9 ontens, frente a uma árvore de enseada, piscava pra mim um coletivo de chaves perdidas.
esquecidas
abandonadas
negligenciadas
apartadas provavelmente de forma definitiva de seu sentido, de seu encontro, de sua brecha particular
digo coletivo de chaves porque me incomodou ler molho - que é verbete sem acento e, nesse caso específico, também sem liquidez
trouxe-as comigo, as chaves. e meu enquadramento passou a incluir o chãoé que decidi resgatar outras, todas, cada uma, tantas quantas encontrar
um dia chegará em que tilintaremos todos(em uníssono impossível)
cada desencontro lírico,
y los combustibles dolores,
e cada aborto de happy end...
já vejo a imensa floresta pendular, e nós já não podendo falar disso sem rir.
terça-feira, setembro 09, 2008
memoriam
Por teu crepúsculo de minhas pálpebras
pelos suspiros e espasmos íntimos no mosaico de nossos peitos
urgentes e interrompidos
sou réu confesso.
não a pena
o tinteiro.
pelos suspiros e espasmos íntimos no mosaico de nossos peitos
urgentes e interrompidos
sou réu confesso.
e aguardo
não a pena
o tinteiro.
quarta-feira, setembro 03, 2008
the fool and the blind girl, or Eva F.
fria água
que outrora vinho
e o que era carinho
espinho
de hora pra outra
a conta
do amor de verdade
pela metade
que outrora vinho
e o que era carinho
espinho
de hora pra outra
a conta
do amor de verdade
pela metade
sexta-feira, agosto 29, 2008
Tem uns 4 ou 5 dias, eu sonhei com você. Com a gente. E fiquei meio confuso, foi diferente. Estávamos na minha cama, devia ser madrugada. Mas tava claro. A lua cheia, janela aberta. E um silêncio, um macio. Um silêncio que preenchia tudo, um macio em tudo. E a gente abraçado ali, a gente calado, ali deitado. E... (uow!), eu podia morar ali, morrer ali... ali, olhando a lua com sua pele na minha, arranhando sua nuca devagar, seu cabelo nos meus dedos, sua cabeça no meu peito. Era só isso, e -não me pergunta - era muito! De suspirar, de lágrima escorrer, solto. De repente, você levantou o rosto e olhou pra mim. E até esse momento eu não sabia que era você. Ou sabia, de alguma outra forma. Mas ali você me olhou, você levantou o rosto e me olhou com um sorriso surpreso. Como que num susto, mas susto sorrido, sabe? E acabou... assim, sem você me contar o quê. Eu acordei. Acordei. Mas... ficou em mim naquela manhã. E no dia seguinte, mesmo sem o sonho. Não faz muito sentido, mas eu vou te perguntar mesmo assim. Você tava com a cabeça no meu peito, com o ouvido no meu peito. Ele disse algo, o meu coração? Por que era quente dentro, uma coisa de proteger, de tremer no toque, e coberta dividida... pode ser que seja o amor, que fosse amor. Foi isso que ele te disse, o meu peito? Que era aquilo o amor?!
sexta-feira, agosto 22, 2008
- ...e se eu estiver?
- eu te deixaria ir.
- mentira.
- se voce for, é por que já não estava aqui. não está mesmo, está?
- por que ainda não fui?
- coragem.
- eu fui outras vezes.
- voltou.
- voce foi atrás de mim. me pediu...
- eu iria de novo.
- por que?
- eu sempre vou.
- por que?! e por que você sempre vai?!!
- não sei! eu sou esse!!
- esse quem?! quem você pensa que é?!
- o que sempre vai! e que fuma na janela...(pigarro)... e que tosse o dia inteiro mas não pára com essa merda. que sente dor de cabeça, mas nao coloca os óculos...
- essência, né.
- não entendi.
- você é o ser mais romântico que eu conheço, mas com você mesmo.
- por que isso?
- você acha que ai dentro tem uma coisa verídica, imutável. sua essência ...né? olha pra mim!
- pára.
- um ser contraditório, paradoxal...
- fala baixo!
- (rindo)babaca...
- é, sou.
- eu também.
- por que?
- eu te deixaria ir.
- mentira.
- se voce for, é por que já não estava aqui. não está mesmo, está?
- por que ainda não fui?
- coragem.
- eu fui outras vezes.
- voltou.
- voce foi atrás de mim. me pediu...
- eu iria de novo.
- por que?
- eu sempre vou.
- por que?! e por que você sempre vai?!!
- não sei! eu sou esse!!
- esse quem?! quem você pensa que é?!
- o que sempre vai! e que fuma na janela...(pigarro)... e que tosse o dia inteiro mas não pára com essa merda. que sente dor de cabeça, mas nao coloca os óculos...
- essência, né.
- não entendi.
- você é o ser mais romântico que eu conheço, mas com você mesmo.
- por que isso?
- você acha que ai dentro tem uma coisa verídica, imutável. sua essência ...né? olha pra mim!
- pára.
- um ser contraditório, paradoxal...
- fala baixo!
- (rindo)babaca...
- é, sou.
- eu também.
- por que?
e ela sai, sem fechar a porta, nem voltar.
domingo, agosto 10, 2008
pré-música 3ª. âmago blues
o que existe além do âmago?
além do forro - o mais profundo
o que é que fala depois que nós...
depois que a voz... depois que tudo...
o que é que dura
além do conto, depois da curva
do passo escuro
qual o começo, o elementar
que vai ficar
mesmo que eu não seja
tão especial
assim
eu quero um arco íris pra mim
líquido e certo
leve
concreto
um final feliz.
além do forro - o mais profundo
o que é que fala depois que nós...
depois que a voz... depois que tudo...
o que é que dura
além do conto, depois da curva
do passo escuro
qual o começo, o elementar
que vai ficar
mesmo que eu não seja
tão especial
assim
eu quero um arco íris pra mim
líquido e certo
leve
concreto
um final feliz.
quinta-feira, junho 05, 2008
sábado, maio 17, 2008
sábado, maio 03, 2008
e de repente eu estava sentado ali, naquele que já era o meu meio-fio. pessoal. particular. tão feito pra mim e praquele momento úmido que só agora - sexta chuvosa de maio às duas -, só agora haviam unido-se 'fio' e 'meio', motivo e objeto, e bem no meio de mim, num ângulo que justificava enfim todo aquele cimento formatado no qual eu sentava. à esquerda alguns rostos primavera, tão estranhos ao momento e sem sentido que seria demasiado para eles saber o que eram, quão canastrões. não suportariam, eles que sorriam - mas também é possível que fingissem afinal, e se sim, ao invés de deslocados eram então os mais preciosos elementos de toda a composição(eu tenho me impressionado muito com essa coisa de os opostos radicais acabarem sendo sempre a mesmíssima coisa). prosseguindo. à direita um cachorro molhado. perfeito e preciso. assobiei baixo pela fresta de meu dente torto, mas ele entretia-se entre sacudidelas, coçares e arroz com brócolis, essas coisas que nos tornam o que somos. por sob minhas pernas um mini rio. com mini barcos-folhas e mini tripulantes que eu não via, mas que estavam lá. frame à frame uma acidez gástrica, drástica, se instalava carente de mim. enquanto isso, plácida e estática, uma placa me olhava da calçada vizinha, percebi periférico. não quis. já sabia o teor da conversa. estava cansado demais de mais do mesmo, mas acho que não o bastante. o cão trotou na direção da placa e estancou , me fulminando(nenhuma novidade nisso, posto que por algum motivo sempre tive esses momentos 'olho no olho' com cães, gatos e crianças). e então algo inédito: ele piscou pra mim - piscadela normal, com os dois olhos, nada demais - e em seguida olhou pra placa. "ah, é só uma placa", pensei ingênuo. olhei. ela então disparou, silenciosa e sucinta em seu tom gurú: "não estacione". ... silêncio. silêncio onipresente por alguns, por vários segundos. mas que poder de síntese o das placas, não? não a agradou minha sexta chorosa e ela pedia outra faixa. o gasto tinha lá sua bossa, claro que sim, mas agora era hora de uma bossa nova. quem sabe um samba, um côco... "sai da chuva", ouvi de súbito, já bem ensopado. atrás de mim uma mão se oferecia saída de emergência, parte de uma silhueta que o poste-luz atrás da moça gentil gravava como um carimbo bem no meio do aberto . estendi a mão, quase ao mesmo tempo em que me surpreendi por tê-lo feito, sem no entanto me arrepender. levantei. do chão, do cão e de tudo mais. de mão dada com a silhueta, eu já dava o sexto ou sétimo passo largo, quase corrido, em direção à marquise do Aurora, que fechava. a camisa grossa encharcada e gelada. as calças jeans mais pesadas do mundo. o bater de dentes que cabia, mas me poupou. senti o desamparo afinal. o tal que a silhueta, a placa e os tripulantes dos mini-barcos folhas devem ter sentido ao me ver. não que isso signifique que o desamparo existisse de fato. é que as pessoas tem memória. e video-cassetes, e tele-novelas em seus ontens e delicadezas. em suas mãos pré-estendidas. em seus espelhos cada vez mais bacanas. em suas lágrimas no cinema e eus sensíveis. e isso não é uma crítica. não mais. admiro isso. ainda mais, depois de hoje. um eu calado e quase trêmulo voltou praquele agora e um rosto disponível e cândido me esperava nele: "tudo bem?". "tá sim. cada vez mais". sorriso dela. "alguém te machucou?". sensível ela. "é, um bocado. mas to bem. tava até bom lá". pausa. "no machucado?". eu sorri. "não, no meio-fio. na chuva". ela sorriu. "é, mas é depois que fica ruim, né?". pausa curta. ela de novo,"se cuida, poxa". achei tão bonito o "poxa". como se não bastasse esse tamanho de encontro solto e como se aquilo ainda não fosse já especial, ela perguntou, tão improvável quanto desconcertante: "sabe o que melhora?". balancei a cabeça na horizontal. "beijo no olho". eu olhando pro rosto borrado de escuro sem entender. "fecha". fechei. ela se apoiou nos meus braços cruzados e talvez tenha ficado na ponta dos pés também. 1, 2, 3... foram 6 os beijos. todos no olho direito. leves, mornos, cadenciados e encaixados de forma simplesmente perfeita em minha cavidade ocular, como se essas partes tivessem sido feitas uma para a outra e há muito alguém em algum lugar tivesse profetizado o encontro das duas, a descoberta desse segredo. nada de flerte, nem sedução. se eu pudesse definir seria algo mais parecido com o termo "suspenso". no tempo, no espaço. não consegui reagir. talvez tenha sido essa a reação, acho que sim. a moça sem rosto sorriu ainda uma vez antes de passar a mão pelo meu rosto e ir, sem olhar pra trás por uns 15 ou 20 passos. um aceno na esquina com a Voluntários da Pátria, e fim.
quis ter mais do livre e do leve.
quis ter mais do livre e do leve.
sexta-feira, maio 02, 2008
terça-feira, abril 29, 2008
terça-feira, abril 22, 2008
ruim da cabeça ou doente do pé
Não, eu não gosto muito de carnaval. E sim, sou mesmo doente do pé. Ou fui. Nasci com uma deformidade congênita que entortava meu pé esquerdo: encurtamento de tendão, especificamente o que liga o que seria meu polegar - se estivéssemos falando da mão - à minha tíbia, que é o principal osso da canela. Isso na perna esquerda. Era como se o pé doente fosse carente, e tentasse tocar o direito. Mas nem é algo tão incomum assim. Acontece bastante até, e eles já sabiam o que fazer. Fui operado quase na mesma hora com menos de um mês de vida pelo então chefe da equipe médica da seleção Brasileira, Sr. Toledo. Talvez por isso eu também não acompanhe de perto o futebol. Tenho time até, mas quando alguém que realmente se relaciona com isso está por perto, sempre me sinto um tanto mentiroso. Vai entender os caminhos desse tipo de coisa. Certa vez cheguei à...
Acabo de perceber que o verso famoso que precede o título desse post fala sobre o samba, e não sobre o carnaval. De samba eu gosto.
Desculpem-me, acabou o (mote do) texto.
Acabo de perceber que o verso famoso que precede o título desse post fala sobre o samba, e não sobre o carnaval. De samba eu gosto.
Desculpem-me, acabou o (mote do) texto.
quinta-feira, abril 17, 2008
sexta-feira, abril 11, 2008
Em meio às correspondências, num guardanapo amassado, daqueles lisos. Guardanapo de boteco:
"Minha rua está cheia de lixo. Sempre. Os hálitos e os olhares ao redor tem estado também. Com um quê de podres, o cheiro pesado, sabe? Os cães perdidos e suas moscas de ferida. Minha casa e os climas do jantar. E eu moro sozinho. Eu janto sozinho. E é disso que estou falando: as coisas continuam assumindo uma lógica quase... sei lá, um pré non-sense. É tudo bem sutil, e por isso mesmo poderoso demais, líquido demais. Não faz muito tempo que percebi. E entender esse tipo de coisa - que a vida não tem mais coerência que o sonho - não é algo assim, de estalo. Dá vertigem. Ânsia de vômito. Ás vezes vômito mesmo. Varia de acordo com cada um. Um mendigo lá da rua, quando entendeu, virou mendigo. Não que ele não fosse mendigo antes, mas acho que ali ele se encontrou, se inocentou. Agora ele esmola sorrindo. Sente fome sorrindo. Se coça sorrindo. E essa semana eu tenho topado mais com isso. Na rua, no trabalho. Na locadora perderam meu cadastro, e os 4 atendentes pra quem peço indicação de "filmes diferentes" há pelo menos uns 6 anos, simplesmente não lembram de mim, não me conhecem, os putos. Uma metáfora boa pra isso tudo: cheiro de percevejo. Aquele troço que mesmo sem matéria gruda em você - monte de concretude indefesa e inferior - que tem que se resignar, já que mesmo depois de banho, roupas de amaciante e toda a intervenção da vontade, você continuará com aquele perfume psicológico entranhado na insegurança. E tenho achado que é um momento global, sabe(?), o que me deixa um tanto claustrofóbico, eu confesso. Sabe quando o foda-se não vem? Você chama e nada. Aquele vazio irradiando a partir do estômago, vazando pelas costelas e invadindo as costas pela bacia em direção à nuca, e nada do foda-se pra te socorrer. O jornal tem chegado num saco espesso e resistente do qual não consigo tirar o nó. Meu iogurte preferido(cenoura, laranja e mel) mudou de gosto e de rótulo. Isso, aqui no Brasil. Isso, em Botafogo. E essa porra no Tibet? 'Duck Shoot Game' com os mongecos! Valia uma bombinha nuclear. Um estalinho pelo menos, só pros milicos se ligarem que não é assim que o gongo toca. Não, não falo sério. Mas quase. Ou não, não sei. Foda-se, voltemos ao meu panorama, e volto a falar só da última semana: O lugar onde eu almoçava todo dia fechou, sem aviso, sem plaquinha, nada. Meu chefe me chamou para um "papo" no qual fui informado de que minha produtividade tem sido insuficiente, embora eu deixe escorrerem meus projetos pessoais e a família que eu não tenho pra dar conta do que me cai. Um cara que bate na esposa se mudou aqui pra cima. E como cereja do bolo, ontem, a mulher da minha vida, a minha flor de laranjeira não esquecida, me disse que resolveu seguir, que fui eu quem quis assim. E logo agora que entendi que não é feio, nem risível o amor. Que resolvi ir ao maracanã pra entender mais o mundo dela - ela tá em reabilitação por conta de doses pesadíssimas de paixão pelo América. Agora que.. isso tudo aqui dentro, tem um outro cara no banco do carona dela. No domingo dela. É, leitor(a)... um momento que dá filme. Um curta pelo menos. Ou suicídio, essas coisas precipitadas que a gente faz e depois se arrepende, mas que nesse caso específico não teria chance. Não. Tem outras coisas desse pacote que são mais legais, e aí a coisa da claustrofobia ameniza - pouco. O bom de ficar na merda é que as coisas boas, por menores que sejam, ganham uma cor de milagre. Nesse momento realidade lisérgica, então. No último feriado fiz uma viagem inteira em caronas surgidas do nada, uma delas numa pick up, com direito a braço aberto e vento bom no rosto e de repente túnel de árvores floridas! Tsunami de perfume, assim, de graça! Realismo fantástico, ou fantasia realista, tanto faz. Outra: Andando pela alameda baixa semana passada, vi as 3 janelas de 3 apartamentos do mesmo 3º andar se abrirem ao mesmo tempo, e em seguida o mesmo baile de braços de senhora se escorando em cotovelos saídos e braços cruzados e olhares paralelos pra um baixo longe. Um ritmo idoso, mas que com o sol de uns 40 minutos pós 17 - adoro essa luz - eram quase o de 3 gatos, sinuosos, silhuetados e coreográficos. Gatos! Foi por isso que roubei a caneta. Hoje minha mãe trouxe o 4º gato da rua(só essa semana). Os outros 3 sumiram, sei que não é o mesmo. Mesmo! Lembra que falei sobre o pelo branco em losango nas costas, igual ao do Fred? Tem mais. Ontem a vi colocando um negócio no prato de leite. Pode ser que não, quero muito que não. Mas acho, acho mesmo, que ela está matando os gatos."
"Minha rua está cheia de lixo. Sempre. Os hálitos e os olhares ao redor tem estado também. Com um quê de podres, o cheiro pesado, sabe? Os cães perdidos e suas moscas de ferida. Minha casa e os climas do jantar. E eu moro sozinho. Eu janto sozinho. E é disso que estou falando: as coisas continuam assumindo uma lógica quase... sei lá, um pré non-sense. É tudo bem sutil, e por isso mesmo poderoso demais, líquido demais. Não faz muito tempo que percebi. E entender esse tipo de coisa - que a vida não tem mais coerência que o sonho - não é algo assim, de estalo. Dá vertigem. Ânsia de vômito. Ás vezes vômito mesmo. Varia de acordo com cada um. Um mendigo lá da rua, quando entendeu, virou mendigo. Não que ele não fosse mendigo antes, mas acho que ali ele se encontrou, se inocentou. Agora ele esmola sorrindo. Sente fome sorrindo. Se coça sorrindo. E essa semana eu tenho topado mais com isso. Na rua, no trabalho. Na locadora perderam meu cadastro, e os 4 atendentes pra quem peço indicação de "filmes diferentes" há pelo menos uns 6 anos, simplesmente não lembram de mim, não me conhecem, os putos. Uma metáfora boa pra isso tudo: cheiro de percevejo. Aquele troço que mesmo sem matéria gruda em você - monte de concretude indefesa e inferior - que tem que se resignar, já que mesmo depois de banho, roupas de amaciante e toda a intervenção da vontade, você continuará com aquele perfume psicológico entranhado na insegurança. E tenho achado que é um momento global, sabe(?), o que me deixa um tanto claustrofóbico, eu confesso. Sabe quando o foda-se não vem? Você chama e nada. Aquele vazio irradiando a partir do estômago, vazando pelas costelas e invadindo as costas pela bacia em direção à nuca, e nada do foda-se pra te socorrer. O jornal tem chegado num saco espesso e resistente do qual não consigo tirar o nó. Meu iogurte preferido(cenoura, laranja e mel) mudou de gosto e de rótulo. Isso, aqui no Brasil. Isso, em Botafogo. E essa porra no Tibet? 'Duck Shoot Game' com os mongecos! Valia uma bombinha nuclear. Um estalinho pelo menos, só pros milicos se ligarem que não é assim que o gongo toca. Não, não falo sério. Mas quase. Ou não, não sei. Foda-se, voltemos ao meu panorama, e volto a falar só da última semana: O lugar onde eu almoçava todo dia fechou, sem aviso, sem plaquinha, nada. Meu chefe me chamou para um "papo" no qual fui informado de que minha produtividade tem sido insuficiente, embora eu deixe escorrerem meus projetos pessoais e a família que eu não tenho pra dar conta do que me cai. Um cara que bate na esposa se mudou aqui pra cima. E como cereja do bolo, ontem, a mulher da minha vida, a minha flor de laranjeira não esquecida, me disse que resolveu seguir, que fui eu quem quis assim. E logo agora que entendi que não é feio, nem risível o amor. Que resolvi ir ao maracanã pra entender mais o mundo dela - ela tá em reabilitação por conta de doses pesadíssimas de paixão pelo América. Agora que.. isso tudo aqui dentro, tem um outro cara no banco do carona dela. No domingo dela. É, leitor(a)... um momento que dá filme. Um curta pelo menos. Ou suicídio, essas coisas precipitadas que a gente faz e depois se arrepende, mas que nesse caso específico não teria chance. Não. Tem outras coisas desse pacote que são mais legais, e aí a coisa da claustrofobia ameniza - pouco. O bom de ficar na merda é que as coisas boas, por menores que sejam, ganham uma cor de milagre. Nesse momento realidade lisérgica, então. No último feriado fiz uma viagem inteira em caronas surgidas do nada, uma delas numa pick up, com direito a braço aberto e vento bom no rosto e de repente túnel de árvores floridas! Tsunami de perfume, assim, de graça! Realismo fantástico, ou fantasia realista, tanto faz. Outra: Andando pela alameda baixa semana passada, vi as 3 janelas de 3 apartamentos do mesmo 3º andar se abrirem ao mesmo tempo, e em seguida o mesmo baile de braços de senhora se escorando em cotovelos saídos e braços cruzados e olhares paralelos pra um baixo longe. Um ritmo idoso, mas que com o sol de uns 40 minutos pós 17 - adoro essa luz - eram quase o de 3 gatos, sinuosos, silhuetados e coreográficos. Gatos! Foi por isso que roubei a caneta. Hoje minha mãe trouxe o 4º gato da rua(só essa semana). Os outros 3 sumiram, sei que não é o mesmo. Mesmo! Lembra que falei sobre o pelo branco em losango nas costas, igual ao do Fred? Tem mais. Ontem a vi colocando um negócio no prato de leite. Pode ser que não, quero muito que não. Mas acho, acho mesmo, que ela está matando os gatos."
quarta-feira, abril 02, 2008
Badala a redenção. Nos ponteiros da Central as fatídicas 3 meias-dúzias se transbordam enfim. Os seis acenos do cuco francês, antigo e grave, confirmam a alforria no salão de costura. Não que houvesse realmente o pássaro a sair da casinhola - já velha, quebrada e sem nada que lembrasse a frança - , mas o abano de uma das asas da pequena janela de metal descolorido bastou pra que se pintasse no espaço lúdico a avezinha a grunir: liberté! liberté! Abre-se o portão, alavanca no ponto. Pronto. Em menos de um terço de hora, sem nenhuma baldeação, o par de pernas esguias e bem torneadas - ainda que nenhum outro exercício tivesse sua dedicação - iniciam a subida das teclas da velha escadaria, apenas uma das diversas que (e)levam até Santa Tereza e (e)levariam até o Largo de sua morada. Quase dor nas costas, e ainda assim assobio. Pré-canto, só enquanto essas senhoras estão perto, e então voz. 'Ainda é cedo Amor...'. Muitas e muitas chaves e só uma se esconde. Gradil verde. Quase em casa. Na bolsa grande um pique-esconde sem graça de chaveiro e mãos suadas. Boleto, batom, bombom. Óculos, cigarro, cartão. Barulho de chaves. Chaves... Palpitação e até o perfume de colônia verde através do som-chaveiro. Sua foto em mim, violenta como um tapa bem no meio do rosto do meu sossego. E de repente eu tenho estômago. Vazio. Estômago vazio e esticado estalando em minha nuca, pulsando aquele nada em tudo, logo agora. Com essa luz fraca de ladeira e esse vento frio entrando por gola e mangas. Com esse cheiro que parece jaboticaba, mas que é crisântemo -você dizia.
segunda-feira, março 31, 2008
(...)
- você não fuma. pára com isso.
- (pegando o cigarro) com o quê?
- com isso. olha pra mim, fala comigo. no meu olho. você tá me machucando. que ar é esse, que cigarro é esse?
- por favor, não vamos falar de machucar o outro, ok? e você não me conhece tão bem quanto pensa. agora eu fumo também.
- porque?
- por que sim. não tem por quê. nem tudo tem por quê.
- não, por quê você não tá olhando pra mim? olha pra mim, merda!
(continua)
- você não fuma. pára com isso.
- (pegando o cigarro) com o quê?
- com isso. olha pra mim, fala comigo. no meu olho. você tá me machucando. que ar é esse, que cigarro é esse?
- por favor, não vamos falar de machucar o outro, ok? e você não me conhece tão bem quanto pensa. agora eu fumo também.
- porque?
- por que sim. não tem por quê. nem tudo tem por quê.
- não, por quê você não tá olhando pra mim? olha pra mim, merda!
(continua)
terça-feira, março 18, 2008
ontem no metrô um senhor grisalho me encantou.
uma boina cinza clara, óculos sem cabo daqueles que - não sei bem como - ficam presos ao nariz, paletó marrom escuro e uma calça xadrez com tons de verde. ele lia um jornal que segurava apenas com sua mão esquerda. a outra mão estava sobre o fichário rosa de uma menina de cachos castanhos e uniforme. ela pintava as unhas do avô(imaginei) com canetinhas coloridas. ele fazia malabarismos entre aquelas notícias empilhadas e folhas tremendas, usava o queixo pra virá-las, o nariz, tudo pra não interromper a pequena manicure. não tirei os olhos daquela família perfeita durante 7 estações. uma lágrima borbulhava tímida e um sorriso irradiava um algo quente a partir do meu peito. era um pequeno milagre, um êxtase fraterno do qual eu tinha ouvido falar mas não tinha aprendido ainda. o senhor me olhou de repente, me encarou 6 segundos, sério. eu sorri. mas ele não. lembrei de quando tinha 7 anos. era aniversário da minha mãe. tentando uma surpresa resolvi levar café na cama pra ela e derrubei a bandeja na entrada do quarto. não só quebrei parte da louça que ela mais gostava como provoquei com o susto um pico de ansiedade que a fez ir pro hospital com crise asmática. cacos aos pés. em um segundo ele já não lia o jornal, mas a menina ainda tingia suas unhas. quis preservar aquilo. desci 2 estações antes e peguei o carro seguinte. pensei em ser pai.
sexta-feira, março 14, 2008
"algo hoje se abre. começa a suavizar/
brecha pro que não cabe /que não se sabe /fazer-se ar"
Escrevi com o batom quebrado no papel seda, quase molhado. Foi ler o que acabava de borrar úmido ali e correr em tropeços pr'aquele cômodo apertado, meu coração.
- não repare, é meu coração.
- sim, sou você. é meu também.
Caí na entrada, mas me dei a mão e levantei, quase rápido. Abrimos a porta que rangeu e resistiu de início, mas orgulhosa, tentou evitar que eu percebesse soltando-se logo depois. E o fresco jorrou. Verde, azul, vermelho, liquidamente sopro, em todas as direções e vindo de cada fresta. Toda a estrutura estremeceu estaticamente, como reverbe de grave por dentro. Harmônico, ácido e ainda assim sutil, um doído cicatrização que arde em cura.
- tá tudo bem. calma, é só cor. isso.
Deitei o rosto sobre o meu e senti o contorno gelado. Mas gelado gostoso, como um que não carrega os tons de cinza da palavra 'gelado'. Gelado como travesseiro quando o viramos e o verso se oferece lírico, acalento, sabe? Olhei em torno: fotos, tantos bilhetes, e cartões, e pequenos presentes, e papéis dobrados. Marcados. Cravados na pele, na parede memória, transbordando as primeiras gavetas. As primeiras! Expostos, como a fratura. Bem à vista do esquecimento.
- é pra que ele não se seja.
- psshh! eu sei.
E sabia. Mas, não sei... não queria.
E ele lá(o fresco), restaurando a mobília. Tão dentro que um sempre, um todo.
E era aquilo. Empilhei meus livros mais altivos, e tudo que estava nas paredes partilhadas partidas, mal resolvidas. Sobre aquelas 2 vidas de altura da torre que ergui, um frágil e sincero equilíbrio precário. Ok. Respirei fundo, estiquei os braços, as mãos, o corpo, os dedos do pé em ponta, até a franja de uma das nuvens de meio de céu que por ali estava e que eu já quase tocava. Toquei. Me pendurei e subi. Pude me ver indo, e indo. Indo até sumir ao longe.
Acenei pra mim, dali mesmo. Mas não olhei pra trás, não vi o aceno, talvez tenha-o sentido brisa, uma que na hora passava e resolveu me dar moldura.
De repente, outro dia ainda no mesmo. Acordei Nutella. Não, gaivota de papel.
Talvez seja mais um espreguiçar. Isso, acordei um espreguiçar
- que é quando a gente é ontem por 3 minutos, mas como quem se aprende e se esforça pra lembrar, logo depois se rasga em hoje.
brecha pro que não cabe /que não se sabe /fazer-se ar"
Escrevi com o batom quebrado no papel seda, quase molhado. Foi ler o que acabava de borrar úmido ali e correr em tropeços pr'aquele cômodo apertado, meu coração.
- não repare, é meu coração.
- sim, sou você. é meu também.
Caí na entrada, mas me dei a mão e levantei, quase rápido. Abrimos a porta que rangeu e resistiu de início, mas orgulhosa, tentou evitar que eu percebesse soltando-se logo depois. E o fresco jorrou. Verde, azul, vermelho, liquidamente sopro, em todas as direções e vindo de cada fresta. Toda a estrutura estremeceu estaticamente, como reverbe de grave por dentro. Harmônico, ácido e ainda assim sutil, um doído cicatrização que arde em cura.
- tá tudo bem. calma, é só cor. isso.
Deitei o rosto sobre o meu e senti o contorno gelado. Mas gelado gostoso, como um que não carrega os tons de cinza da palavra 'gelado'. Gelado como travesseiro quando o viramos e o verso se oferece lírico, acalento, sabe? Olhei em torno: fotos, tantos bilhetes, e cartões, e pequenos presentes, e papéis dobrados. Marcados. Cravados na pele, na parede memória, transbordando as primeiras gavetas. As primeiras! Expostos, como a fratura. Bem à vista do esquecimento.
- é pra que ele não se seja.
- psshh! eu sei.
E sabia. Mas, não sei... não queria.
E ele lá(o fresco), restaurando a mobília. Tão dentro que um sempre, um todo.
E era aquilo. Empilhei meus livros mais altivos, e tudo que estava nas paredes partilhadas partidas, mal resolvidas. Sobre aquelas 2 vidas de altura da torre que ergui, um frágil e sincero equilíbrio precário. Ok. Respirei fundo, estiquei os braços, as mãos, o corpo, os dedos do pé em ponta, até a franja de uma das nuvens de meio de céu que por ali estava e que eu já quase tocava. Toquei. Me pendurei e subi. Pude me ver indo, e indo. Indo até sumir ao longe.
Acenei pra mim, dali mesmo. Mas não olhei pra trás, não vi o aceno, talvez tenha-o sentido brisa, uma que na hora passava e resolveu me dar moldura.
De repente, outro dia ainda no mesmo. Acordei Nutella. Não, gaivota de papel.
Talvez seja mais um espreguiçar. Isso, acordei um espreguiçar
- que é quando a gente é ontem por 3 minutos, mas como quem se aprende e se esforça pra lembrar, logo depois se rasga em hoje.
sexta-feira, março 07, 2008
!
OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS.
OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS.
OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS.
OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS.
OS AFRO-SAMBAS DE BADEN E VINÍCIUS.
segunda-feira, março 03, 2008
pré-musica 2ª
não
não chora assim
não é você
olha pra mim
agora é dor
mas vai mudar
agora é dor
há de passar
então vai, então tá
vai voar
és meu amor
não fala assim
quem sabe quando é mesmo o fim?
tem nada não,
não foi em vão,
vá se encontrar
abro mão
peito
cordão
armário, gavetas, portão
os olhos, as portas, as horas, as horas, as horas,
as sobras, porão
deixa
o vento vir
pois se já foi o que há de ir
e o que está, o que ficar
é o de contar
é te guardar
deixa
o tempo vir
que o que é de ter
não vai morrer
não vai sumir, não vai
sumir, não vai
sumir, não vai
mentir, não vai
e é preciso seguir
não chora assim
não é você
olha pra mim
agora é dor
mas vai mudar
agora é dor
há de passar
então vai, então tá
vai voar
és meu amor
não fala assim
quem sabe quando é mesmo o fim?
tem nada não,
não foi em vão,
vá se encontrar
abro mão
peito
cordão
armário, gavetas, portão
os olhos, as portas, as horas, as horas, as horas,
as sobras, porão
deixa
o vento vir
pois se já foi o que há de ir
e o que está, o que ficar
é o de contar
é te guardar
deixa
o tempo vir
que o que é de ter
não vai morrer
não vai sumir, não vai
sumir, não vai
sumir, não vai
mentir, não vai
e é preciso seguir
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
- está tudo tão ... diferente.
- é. engraçado.
- não acho tanto.
- eu também não. você sabe.
- de onde ?
- de onde o quê? olha pra mim.
- de onde vem?
- de dentro, acho.
(silêncio de quase 46 segundos) o que você acha que mudou mais?
- os silêncios. já escrevi sobre eles sendo coisa boa, lembra?
- não. me passa o cigarro
(continua)
- é. engraçado.
- não acho tanto.
- eu também não. você sabe.
- de onde ?
- de onde o quê? olha pra mim.
- de onde vem?
- de dentro, acho.
(silêncio de quase 46 segundos) o que você acha que mudou mais?
- os silêncios. já escrevi sobre eles sendo coisa boa, lembra?
- não. me passa o cigarro
(continua)
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
não sou aquela que você criou. uma eu menos forte, mais flácida e infantil te espera aqui. mas tua, completamente tua, desde que entraste em minhas madrugadas com tua barba e colônia. não, eu não leio tuas entrelinhas. sim, me escapam teus duo-sentidos, teus suspiros, mesmo que as vezes antecipe teu tabaco, teu café, teu cafuné. nem sou fatal, era só mistura de uma fenda de vestido e cosmopolitans do Atlântico. isso é de escorpião. pois bem, se não tem nada nesse retrato que te chame, que te inflame: c'est la vie. não tente. se não é, não invente. tem que ser essa, a tua fome, teu paladar. porque é nesse retrato que eu me pinto íntima. é dele o meu reflexo mais presente. insegura, bipolar, míope, entediante aos domingos e muito ácida nas 3 primeiras horas do dia, mas... entregue. resignada e entregue ao amor. sou também essa que quase gosta do gosto desarrumado dos teus dias sem volta, de tuas noites sem nota. essa que não quer te salvar de ti, nem a si mesma. tu morrerias de qualquer maneira. e eu também. aceito esse furo no peito, e olha, coloco nele um sorriso, e algumas flores. são narcisos, você gosta? um dia serão rosas. me agradará o salgado de uma lágrima outra, mais macia. me afagará tê-lo sem ter, pra tê-lo todo. já me excita domar-me a dor. viu? sou filme, sou close. e graças à ti, jorra meu blog. você me rasga, mas agora posso olhar lá dentro. agora vai. não fala nada. limpa esse batom, e vai.
segunda-feira, janeiro 21, 2008
atrasado
até então, nada era cor. não tinha arco-íris, nem varanda. tinha peão, e pique, mas sem as risadas, e os estalos de pé corrido no chão. tinha corda, e feriado. mas era mudo. como filme antigo, sem os ecos de passarinho e sem grito do moço do algodão doce no portão. antes daquela esquina de boca, do perfume de apagar cigarro, não tinha domingo. tinha o dia. mas não o fresco, nem o assobio. e então, na dança de narizes, a pele de água. e de repente tudo, e mais. e nós. tão paladar. tão rolar de ribanceira em grama boa, tão fruta. e isso, que não se sabe som. banho de doce, de mão morna no rosto. fogo no forro de si. tão fogo e tão forro, que meu. tão meu e dela, tão nosso, que dor. dor demais. não deu.
pedi pro vento outra chance, outro alcance. outro eu.
um que não chegue atrasado. um seu.
pedi pro vento outra chance, outro alcance. outro eu.
um que não chegue atrasado. um seu.
quinta-feira, janeiro 17, 2008
pré-música 1ª
de tanto tato
e cheiro
e gosto de flor,
me afoguei
suspiros
e ontens
não quis nadar,
não quis nada
pulei
no reflexo d'água borrão
colorido, bonito
deixei
ê sereia
de asa
da mata
e cheiro
e gosto de flor,
me afoguei
suspiros
e ontens
não quis nadar,
não quis nada
pulei
no reflexo d'água borrão
colorido, bonito
deixei
ê sereia
de asa
da mata
toma esta garrafa
bebe a carta
fui eu quem mandou
me levar (te letrar)
me leva
pro mar que chorei
que jorrei
fui eu quem mandou
me levar (te letrar)
me leva
pro mar que chorei
que jorrei
me valei
se faz lei
se chegar
se faz lei
se chegar
eu cheguei
terça-feira, dezembro 11, 2007
do osso torto do peito
eaqueleestrondoúmidoagudoescritoàspressasnotaltecladosemacentos
se mbatoms emcaminh o
re verb erou u
do ossotorto dopeito até a3ª vértebra lombar. minha L3.
cismado d azia sísmica e verbal ainda fresca, gof o vermelho tonteado
mas me cansei. não gosto de tv. fui à praia.
se mbatoms emcaminh o
re verb erou u
do ossotorto dopeito até a3ª vértebra lombar. minha L3.
cismado d azia sísmica e verbal ainda fresca, gof o vermelho tonteado
mas me cansei. não gosto de tv. fui à praia.
segunda-feira, outubro 08, 2007
oquenãocabe - fragmento 1
esse eu à deriva em mim
tem rosto efêmero
tem rosto efêmero
e bússola quebrada
tem lacunas (que suspiram sempre)
e manias de silêncio
nesse eu à deriva em mim
sobra sangue
mas falta corpo
sobra sangue
mas falta corpo
e a cada rasgo
na carne pouca
essas sobras
essas sobras
essas sobras
essas sobras
essas sobras
essas sobras
essas sobras
terça-feira, novembro 14, 2006
tonteira
eu que de mim já não sei
e cego tateio
e teorizo
que me mato, me bato, debato
farto da falta, da chuva,
do ciso
eu que me pulo
eu muro
me procuro no murro em faca de ponta
pauso na estante
pouso um instante
e ainda não cessa
essa dança tonta
e cego tateio
e teorizo
que me mato, me bato, debato
farto da falta, da chuva,
do ciso
eu que me pulo
eu muro
me procuro no murro em faca de ponta
pauso na estante
pouso um instante
e ainda não cessa
essa dança tonta
sexta-feira, novembro 10, 2006
calendário (ou, caleidoscópio).
C'um copo d'ópio dopo
Calo dois corpos voz
Cá: lendária cópia
Lá: mente atroz
Calo dois corpos voz
Cá: lendária cópia
Lá: mente atroz
quarta-feira, agosto 09, 2006
segunda-feira, julho 17, 2006
reflexão
leva isso,
......................leve ..................................longe
onde nada pareça quase
meio antes
qual sem fim
......................leve ..................................longe
onde nada pareça quase
meio antes
qual sem fim
segunda-feira, junho 05, 2006
terça-feira, maio 30, 2006
segunda-feira, maio 22, 2006
anti
A três passos do nada, o tempo é ultrapassado.
sua idade, o calendário, aquelas fotos...
todos os seus “se...”,
seu contorno,
a correta conduta e o equívoco,
o motivo ... palhaçada.
Toda essa precaução paralizante
revela-se frágil.
aqui
exerce-se o gerúndio e seu trampolim.
Tudo outro vale quinquilharia, apenas faixas de isolamento.
sim, a dois passos do nada, as mentiras sinceras, o “não sei”, Nietzsche e principalmente a contradição, são inocentados
mais,
são desejados,
e desmentem a memória opaca, o histórico.
Não só perdem o ranço desagradável como pintam de lacunas as paredes e o teto, e pintariam também o chão, se houvesse.
Nesse quadro, as verdades, ficam antes da porta.
Os lamentos, antes ainda, no mesmo cômodo 3x4 onde martelam-se as bússolas.
De nada servem suas marcas de expressão, a moral herdada, ou esse texto.
Ele também é julgo,
e aqui, a um passo do nada, calaria ainda dentro do olho, cegaria a lâmina língua.
Toda a árdua experiência acumulada
gargalha de si,
sabe-se idiota.
é justamente aí que o nada se revela,
abraçando
a totalidade
da extensão
desse corpo
ridiculamente
maravilhoso
na prima-fonte, pode-se ver as rugas sumindo,
o rubor saudabilíssimo,
a pele esticar,
esgarçar,
rasgar-se em luz
e potência
agora,
é-se demais pra um corpo
sua idade, o calendário, aquelas fotos...
todos os seus “se...”,
seu contorno,
a correta conduta e o equívoco,
o motivo ... palhaçada.
Toda essa precaução paralizante
revela-se frágil.
aqui
exerce-se o gerúndio e seu trampolim.
Tudo outro vale quinquilharia, apenas faixas de isolamento.
sim, a dois passos do nada, as mentiras sinceras, o “não sei”, Nietzsche e principalmente a contradição, são inocentados
mais,
são desejados,
e desmentem a memória opaca, o histórico.
Não só perdem o ranço desagradável como pintam de lacunas as paredes e o teto, e pintariam também o chão, se houvesse.
Nesse quadro, as verdades, ficam antes da porta.
Os lamentos, antes ainda, no mesmo cômodo 3x4 onde martelam-se as bússolas.
De nada servem suas marcas de expressão, a moral herdada, ou esse texto.
Ele também é julgo,
e aqui, a um passo do nada, calaria ainda dentro do olho, cegaria a lâmina língua.
Toda a árdua experiência acumulada
gargalha de si,
sabe-se idiota.
é justamente aí que o nada se revela,
abraçando
a totalidade
da extensão
desse corpo
ridiculamente
maravilhoso
na prima-fonte, pode-se ver as rugas sumindo,
o rubor saudabilíssimo,
a pele esticar,
esgarçar,
rasgar-se em luz
e potência
agora,
é-se demais pra um corpo
terça-feira, maio 16, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
pré-manhã
teto parede
armário
porta
travesseiro
saliva
janela
parede
relógio
suspiro
coberta chão
gelado
maçaneta tapete
torneira
água.
armário
porta
travesseiro
saliva
janela
parede
relógio
suspiro
coberta chão
gelado
maçaneta tapete
torneira
água.
quarta-feira, abril 05, 2006
pouso.
a garça pousou no tronco
e o ronco da serra cessou
o silêncio abriu o acesso
para a ave que a sombra criou
e o ronco da serra cessou
o silêncio abriu o acesso
para a ave que a sombra criou
terça-feira, abril 04, 2006
sobressalto.
minha nau não navega a vento
o que sopra é o que sobra de tudo
sobre o salto pro fundo de mim
fala um mundo que jazia mudo
o que sopra é o que sobra de tudo
sobre o salto pro fundo de mim
fala um mundo que jazia mudo
matura.
me folheei, e não há resposta
não achei índice, nem manuais
quebrei, e o grito não cala
e nem o espanto nos cabe mais
não achei índice, nem manuais
quebrei, e o grito não cala
e nem o espanto nos cabe mais
domingo, março 12, 2006
segunda-feira, agosto 01, 2005
ego gruta em mim.
me rasga uma gana de pano.
o vício por an-seio lacúnico germinou-me logo cedo semi-ações e quase-coisas.
vesti-me de bem-aventurança oca, asteei bandeira de trapo, assisti meu orgulho ventear alturas...
numa tarde, ouvi o espelho rir. era o inverno batendo à porta.
num feixe,meus pássaros cruzaram o quarto calados e partiram pela janela fechada.
Antes da travessia, um último presente: abandonaram voz em minha garganta.
eu,
que há muito havia amordaçado qualquer gula pessoal
eu,
que tantas vezes milagrei saciando olhos coroados com bússola de mim
eu,
como que num tiro, fui fonado pelo desvirgínio:
um Urro - desses semeados desde murmúrio - espreguiçou, caminhou até uma extremidade de mim folegando e explodiu !
cataclisma , imensar de horizonte, fibrilar de terra firme.
descárcere !
dói-me essa chave sonora
agora, em frequência luz, furta-me os olhos ainda embebidos
em fotofobia e os dá de presente ao chão
lágrima:
o início do sincerar da égruta em mim.
quinta-feira, julho 28, 2005
quarta-feira, março 02, 2005
visita matinal
Um sorriso tateou-me logo cedo, talvez seguindo pétalas de um rastro de sonho. desencontraram-se. na boca, o berço-lábio, instalado bem no meio da minha cara. dois ou três segundos... palavra. sonâmbula. sussurrada. e sua. afinal é da musa o que ela inspira:
"polegares entrelaçados alando a retina acostumada. asas-mãos espreguiçando a distância, essa métrica comprida , doída" - eu falei.
"ahn?" - você diria.
Como, ahn?!? não te reconheces? é o dedilhar de tuas linhas, contornos! música original e virgem de teu instrumento! ouve:
"riarei até o céu as notas perfeitamente descompassadas deste duo cardíaco,
nascente, cresceNTE. retrilharei em mãos e boca o caminho da pena inspirada"
Ah, minha vertigem branca... proesia nada petita embargar nuvens lúdicas em domingo aberto! é você o sonho! você!
volta sempre, viu?
que meu sorriso, eu quero esse.
"polegares entrelaçados alando a retina acostumada. asas-mãos espreguiçando a distância, essa métrica comprida , doída" - eu falei.
"ahn?" - você diria.
Como, ahn?!? não te reconheces? é o dedilhar de tuas linhas, contornos! música original e virgem de teu instrumento! ouve:
"riarei até o céu as notas perfeitamente descompassadas deste duo cardíaco,
nascente, cresceNTE. retrilharei em mãos e boca o caminho da pena inspirada"
Ah, minha vertigem branca... proesia nada petita embargar nuvens lúdicas em domingo aberto! é você o sonho! você!
volta sempre, viu?
que meu sorriso, eu quero esse.
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
flor menina
Flor Menina
das pétalas tímidas,
das maçãs que florescem rosas
rubor que hipnotiza, catarsea
eterniza
Flor Menina do abraço que amanhece
do lábio que salta o tempo
folhas imãs que abrigam, transcendem
religam
Flor Menina
do beija-flor amigo,
da madrugada primaveril
tuas pegadas norteiam o vento, acendem o céu -
paleta estrelada
Flor Menina da voz macia, da presença que acaricia
enraiza-se uma saudade, que não cessa
E quem diria ?
das pétalas tímidas,
das maçãs que florescem rosas
rubor que hipnotiza, catarsea
eterniza
Flor Menina do abraço que amanhece
do lábio que salta o tempo
folhas imãs que abrigam, transcendem
religam
Flor Menina
do beija-flor amigo,
da madrugada primaveril
tuas pegadas norteiam o vento, acendem o céu -
paleta estrelada
Flor Menina da voz macia, da presença que acaricia
enraiza-se uma saudade, que não cessa
E quem diria ?
sábado, fevereiro 12, 2005
ah ... o céu
As estrelas me transbordam,
me absurda a lua nua,
pôr-do-dol me entorpece,
a aurora me flutua.
Arco-Íris - raro instante!
banho-chuva religia
sob o ceú sou um infante
a brincar e ver magia
me absurda a lua nua,
pôr-do-dol me entorpece,
a aurora me flutua.
Arco-Íris - raro instante!
banho-chuva religia
sob o ceú sou um infante
a brincar e ver magia
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
frio na barriga
ah !
... elas ainda vivem ! !
apesar de tudo, de tudo ...
lá estão as borboletas !
e suas asas continuam a deslocar o vento ...
aquele ...
esse, esse !
encanta-te flauna , extasia-nos
cada infimo fio continua a se arrepiar e embeber-se em boa e perfumada dose de hesitação
tolo solo ...
mortas estavam as sementes.
(inapropriadas talvez)
... elas ainda vivem ! !
apesar de tudo, de tudo ...
lá estão as borboletas !
e suas asas continuam a deslocar o vento ...
aquele ...
esse, esse !
encanta-te flauna , extasia-nos
cada infimo fio continua a se arrepiar e embeber-se em boa e perfumada dose de hesitação
tolo solo ...
mortas estavam as sementes.
(inapropriadas talvez)
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
almejo
Reencontrar quem nunca vi
re-habitar novo lugar
Ouvir-me em voz estranha
perceber outro a me pensar.
Convidar o céu a transbordar os olhos,
nos quais um mergulho tornar-se-ia eterno,
onde me afogaria, respirando pela primeira vez.
Abraçar o infinito,
brincar com o descaminho
desmitificar o rito,
mesmo só, não estar sozinho.
Entoar cantos íntimos em frequência audível apenas
aos naturalmente apaixonados, às pedras e seus convivas.
Ser o vento e seu torpor,
ser a folha a se lançar,
sem lembranças, sem temor,
re-aprender a voar.
Cultivar passionalmente a intensa presença em mim
do que me falta.
re-habitar novo lugar
Ouvir-me em voz estranha
perceber outro a me pensar.
Convidar o céu a transbordar os olhos,
nos quais um mergulho tornar-se-ia eterno,
onde me afogaria, respirando pela primeira vez.
Abraçar o infinito,
brincar com o descaminho
desmitificar o rito,
mesmo só, não estar sozinho.
Entoar cantos íntimos em frequência audível apenas
aos naturalmente apaixonados, às pedras e seus convivas.
Ser o vento e seu torpor,
ser a folha a se lançar,
sem lembranças, sem temor,
re-aprender a voar.
Cultivar passionalmente a intensa presença em mim
do que me falta.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
beijo luz.
O céu estava tímido,
cobria-se de nuvens tecidas com fios espessos.
Sentia-se assim protegido dos poetas e demais ladrões.
Tantas vezes fora refém de suspiros e canções,
prisioneiro de reflexos, tantas vezes serviram-se
de suas jóias para adornar meninas dos olhos e corações...
Não aconteceria mais...
... se não fosse a mais bela e - ironicamente - intensa das quatro filhas satélites.
Mas havia algo diferente dessa vez.
Não fora terrena a investida , de Lua Cheia partira o flerte .
Um vôo verde de pássaro encantara a mais recente enamorada,
alterou sua órbita , até então inabalável.
Nada mais se poderia fazer, Lua Cheia havia vencido o alvo véu.
Venceria qualquer coisa para tocá-lo ,
brilhar em suas penas ,
penas que pareciam só ter alcançado a prima cor , o tom inato,
depois daquele beijo em forma de luz.
cobria-se de nuvens tecidas com fios espessos.
Sentia-se assim protegido dos poetas e demais ladrões.
Tantas vezes fora refém de suspiros e canções,
prisioneiro de reflexos, tantas vezes serviram-se
de suas jóias para adornar meninas dos olhos e corações...
Não aconteceria mais...
... se não fosse a mais bela e - ironicamente - intensa das quatro filhas satélites.
Mas havia algo diferente dessa vez.
Não fora terrena a investida , de Lua Cheia partira o flerte .
Um vôo verde de pássaro encantara a mais recente enamorada,
alterou sua órbita , até então inabalável.
Nada mais se poderia fazer, Lua Cheia havia vencido o alvo véu.
Venceria qualquer coisa para tocá-lo ,
brilhar em suas penas ,
penas que pareciam só ter alcançado a prima cor , o tom inato,
depois daquele beijo em forma de luz.
domingo, janeiro 23, 2005
bi po lá.
O dotor dissi pra mãe comu quem achava carambola fresca:
"Bipolaridade , Flor . Bipolaridade !"
Ela balançô a cabeça,
fez ruga di qui intendeu...
mãe tem orgulhu bobo , sorti qui ele percebeu.
Seu José Mário Filisberto e Silva era isperto*,
isplicou cum paciência u que qui Vida tinha,
mas tudu qui ele falô pra ela até us pássaru já sabia.
Assim mesmu continuava sendu pra ela o cantu mais bunitu.
O pai dizia que o mundo é pequenu e grandi,
que o terminadu é o qui dura
que tem coisa feia, que é bunita
que tem mistura qui acaba pura.
Nunca dissero qui era loquice, achavam o pai até sabidu
Choro sorrido , silêncio gritadu
e a mãe implicanu com as mudança de estadu
Purque num pudia , purque qui era erradu ?
Vida é assim ora !
Os opostu juntado.
* Dotor José Mário Filisberto e Silva sempri falava baixin, paricia cuxixá quanu cunversava.
Só aumentava a vós pra dizê qui si fez dotor "Na Capital!". Dizia tê si formado "Com Louvor!"
Devi di sê alguém importanti , apesá de só tê um nome.
"Bipolaridade , Flor . Bipolaridade !"
Ela balançô a cabeça,
fez ruga di qui intendeu...
mãe tem orgulhu bobo , sorti qui ele percebeu.
Seu José Mário Filisberto e Silva era isperto*,
isplicou cum paciência u que qui Vida tinha,
mas tudu qui ele falô pra ela até us pássaru já sabia.
Assim mesmu continuava sendu pra ela o cantu mais bunitu.
O pai dizia que o mundo é pequenu e grandi,
que o terminadu é o qui dura
que tem coisa feia, que é bunita
que tem mistura qui acaba pura.
Nunca dissero qui era loquice, achavam o pai até sabidu
Choro sorrido , silêncio gritadu
e a mãe implicanu com as mudança de estadu
Purque num pudia , purque qui era erradu ?
Vida é assim ora !
Os opostu juntado.
* Dotor José Mário Filisberto e Silva sempri falava baixin, paricia cuxixá quanu cunversava.
Só aumentava a vós pra dizê qui si fez dotor "Na Capital!". Dizia tê si formado "Com Louvor!"
Devi di sê alguém importanti , apesá de só tê um nome.
sábado, janeiro 22, 2005
seiva moça
Hoje arvorei com fome.
O sol foi meu desjejum.
Riou-se meu corpo a dentro aluando o espaço florbeijado,
já desacostumado à amoras e tulipas.
Estrelas fundindo-se ao flâmago,
borboletaram cócegas no vento afago.
Petalaram-me enfim a sede
já tão orvalhada de cânticos graves.
Seja bem-vinda seiva moça,
ceie-me todo e se demore.
Insaciável é a aurora
Intransponível minha ânsia é.
O sol foi meu desjejum.
Riou-se meu corpo a dentro aluando o espaço florbeijado,
já desacostumado à amoras e tulipas.
Estrelas fundindo-se ao flâmago,
borboletaram cócegas no vento afago.
Petalaram-me enfim a sede
já tão orvalhada de cânticos graves.
Seja bem-vinda seiva moça,
ceie-me todo e se demore.
Insaciável é a aurora
Intransponível minha ânsia é.
quarta-feira, janeiro 19, 2005
sono dilacerante
em batalha com Morfeu,
quase sempre sou derrotado
duelo em que o fio já há perpassado
antes que a culpa de qualquer pecado
brasa nos olhos
aproximando leitos, solos
entendo, ainda que tarde:
Não haverá no fim liberdade
rendo-me então, crente na aurora
que o dia trouxe de volta outrora
quase sempre sou derrotado
duelo em que o fio já há perpassado
antes que a culpa de qualquer pecado
brasa nos olhos
aproximando leitos, solos
entendo, ainda que tarde:
Não haverá no fim liberdade
rendo-me então, crente na aurora
que o dia trouxe de volta outrora
lírio em marte
Martírio é junção de letras que semeia o doer .
Culpa etimológica, nào alfabética.
Se acalmasse-se o pulsante e desmolhassem-se as maçãs,
avivassem-se, talvez, pétalas
de um lírio em marte.
Culpa etimológica, nào alfabética.
Se acalmasse-se o pulsante e desmolhassem-se as maçãs,
avivassem-se, talvez, pétalas
de um lírio em marte.
dia desses ...
Dia desses vi de longe, um mininu curumim ,
Brincanu cum bem-te-vi que avuava bem baixin
era uns canto, uns assubio , uma purção di barulinhu,
qui elevaru aqueli indio até um daquelis ninhu.
O tempo tinha passaradu , a noite tinha caído
e o erê se perguntava como é qui tinha sido
Ao si aconchegá nas pluma sentiu chegá um perfume,
era as ninfa acompanhada de um montão di vagalume,
pisca-pisca reluzente , parecia as estrela ,
que descia lá du céu pra qui ele pudessi vê-las.
Ele intão cum um sorriso , à floresta agradeceu,
abraçô Tupã e a terra e tombô, disfaleceu .
Todos foro adormecenu, e suminu divagar
As fadinha e os vagalume, já num brilhava mais lá.
O silêncio tomô conta , tudo era lindo dimais
De repente nem o índio, lá deitado istava mais.
Num pude sabê seu nome, ele havia sumido
Mas pude ouví uma voz , sussurrá seu apelido
Nunca mais vo isquecê, foi aqui assim pertin
Pra achá aquele erê , era só gritá por Mim.
Brincanu cum bem-te-vi que avuava bem baixin
era uns canto, uns assubio , uma purção di barulinhu,
qui elevaru aqueli indio até um daquelis ninhu.
O tempo tinha passaradu , a noite tinha caído
e o erê se perguntava como é qui tinha sido
Ao si aconchegá nas pluma sentiu chegá um perfume,
era as ninfa acompanhada de um montão di vagalume,
pisca-pisca reluzente , parecia as estrela ,
que descia lá du céu pra qui ele pudessi vê-las.
Ele intão cum um sorriso , à floresta agradeceu,
abraçô Tupã e a terra e tombô, disfaleceu .
Todos foro adormecenu, e suminu divagar
As fadinha e os vagalume, já num brilhava mais lá.
O silêncio tomô conta , tudo era lindo dimais
De repente nem o índio, lá deitado istava mais.
Num pude sabê seu nome, ele havia sumido
Mas pude ouví uma voz , sussurrá seu apelido
Nunca mais vo isquecê, foi aqui assim pertin
Pra achá aquele erê , era só gritá por Mim.
Assinar:
Postagens (Atom)