domingo, setembro 28, 2008

ai             ai  
 ai

olha
olha          olha

que se não tomar cuidado 
vai acabar sendo feliz, hein.

série

um oferecimento, eu não gosto de política
um oferecimento, cara-metade alguém vai me completar
um oferecimento, na segunda eu começo
um oferecimento, comprovado cientificamente
um oferecimento, te ligo vamo se falá
um oferecimento, mega uber contemporâneo
um oferecimento, certeza absoluta
um oferecimento, papo cabeça sou profundo (...)


eco

hoje
eu 
quis 
ser 
ontem

e corri de chuva, ela marquise.

água não mata - alguém falou

mas eu sou sede
eu sou sede 



e-ates

é difícil ser pessoa legal o tempo todo.

ritmado

ela vê em mim o que eu não sou
ela vê em mim o que nem tem
e eu querendo o gasto dela
a outra ela
o relaxado dela
o bobo dela
eu querendo o feio dela
o dentro dela
pra ver se é mais
ou não.

quinta-feira, setembro 25, 2008

dois mundos sentados em frente ao mar:

- letra?
- "C".
- cantiga.
- cantinho.
- eu quero ser, coberta.
- eu quero ser... coringa.
- contador de ondas.
- quero ser, cama.
- chuva.
- !
- que foi?
- é que eu sempre quis ser chuva...
- como assim?
- não sei. coisa de criança. sempre quis...
- eu quero. ser criança.
- lembro que eu apostava com meu irmão quem descia do beliche mais devagar, de cabeça pra baixo.
- voce ganhava?
- ele, sempre. por isso chuva. sabe? na janela. escorrer devagar.
- bonito isso. chuva me lembra tanta coisa sem nome.
- boas?
- muito.
- tipo o que?
- ah, não tem nome. é uma sensação. saudade, acho.
- faltar à aula e ficar vendo tv no tapete?
- isso! isso! sessão da tarde, os goonies,...
- sociedade dos poetas mortos...
- isso não é sessão da tarde.
- claro que é!
- eles morrem, é pesado, claro que não.
- trabalho de grupo com gente de nome e sobrenome!
- hahaha! luiza fortes, luisa peralta, joão figueroa...(risos) genial...
- sabe que eu achava que era cheiro de chuva? um dia minha mãe disse que era de terra, molhada. achava tão melhor de chuva.
- mas mesmo assim é. da chuva. né?
- não exatamente.
- exatamente não existe.

e a nuvem úmida que se aproximava sem que eles se dessem conta, deu pra eles uma história pra contar.


quarta-feira, setembro 24, 2008

marília gabriela.2

Tem pensado no valor do tempo, em como o gasta, e se fica feliz com isso. Tá parando de fumar, de comer mal e de rir sem estar afim. Escreve, mas não sabe se blogueiro é escritor. Não gosta de cerveja, mas tem sempre vinho barato embaixo do braço. Atua, mas acha que se dizer “ator” deixa de fora a pesquisa de movimento, que é quase dança, e as intervenções poéticas na “No Hay Banda, que são quase canto, ou chegam a ser. “Performer”, disseram. Achou muito americano, tá pensando.

terça-feira, setembro 23, 2008

marília gabriela

tem moleskine pirata, é gago eventual, fala sozinho na rua, e dorme deitado. rascunha diálogos pseudo-profundos, proesias de pontuação estranha, e ainda ouve, anda, é ator e lê panfletos. dorme cerca de 4 horas e 23 minutos diariamente, dança expressionismo, vocaliza em uma banda de jazz, e é produtor multidisciplinar. regularmente, é visto com uma garrafa vinho barato em baixo do braço. também pesquisa a cena atemporânea, rouba chapéus, e performa. é o coordenador do Brecha Coletivo, núcleo de (cri)ação artística, e nos anos 80, foi o único vencedor do 113298863º registro geral do Instituto Félix Pacheco. aos domingos, gosta de assobiar como passarinho.

segunda-feira, setembro 22, 2008

o fluxo só existe porque há quem brinque de represa.
havia na nova relação de amor, certa vontade de enamoramento. ambos celebravam pequeno suas congruências e equivalências íntimas. dejà vus de si no outro, coincidências improváveis, semelhanças inatas e, no canto da boca, um sorriso atestado da raridade do encontro. vez em sempre, associavam à espelhitude a tal potência, chegando talvez a procurá-la. não que se inventassem duplos, mas talvez iluminassem preferencialmente apenas parte do quadro todo, deixando calada porcentagem considerável de si - pulsão de cara-metade, um desses fenômenos inconscientes chegados via herança romântica. com o tempo, senhor dos contornos e das arestas, novos caracteres emergiram em meio ao conhecido. e o diverso, enquanto desconhecido, fez-se inseguro - ainda que não fosse. e o inseguro - que é mau alicerce - fez-se questão. a diferença, a princípio eventual, tomou mais tarde as madrugadas. em algumas semanas, já eram dela os silêncios no carro, e as filosofias de botequim(separaram-se). mas os ponteiros giram...

mais a frente na linha do tempo, reencontro.


e nele a possibilidade de ampliar a perspectiva - retrospectiva.


o sol desce, a lua vem, e num estalo, o sol a voltar - !

abraço longo.
e o entendimento de que o "se" tem algo de papai noel.
boa ficção, e nada mais.



conheciam-se
e amavam-se enfim.

agora sim

terça-feira, setembro 16, 2008

recorde baleiro

sinal vermelho.
meta: 8 retrovisores da paralela meio-fio direita. começa a
música de ação - ele vai.

da faixa de pedestre até o 9º carro da fila, 8 segundos.

estalo de pé crú no asfalto. quase percussão, complementando a trilha de volta até o primeiro retrovisor(aos 12 segundos).

o sinal abre


bala; 2 em nota; bala; 4 de 0,50; 3 balas(não vai dar); 2 de moeda[auge do ritmo], bala no chão(espera!)... bala.

folegando, fo-legando, fo-le-gando, fo-le-gan-do

sorriso discreto e nova marca: 19 segundos, um a menos.
carros, 9. dois a mais.


a-ahá
eu vô pá pequim, rapá!
_

e foda-se que não vai ser lá, né?

domingo, setembro 14, 2008

na terra do logo mais
o amanhã é endereço. mesmo sem ser.

sábado, setembro 13, 2008

foi
quando você chegou
que eu vi
nascer

o espelho que eu mais gosto
o espelho que eu mais gosto

volta

pela porta
encostada

que eu deixei

eu deixei
vem que a gentileza vai mudar o mundo!

sexta-feira, setembro 12, 2008

pré-instalação

há 9 ontens, frente a uma árvore de enseada, piscava pra mim um coletivo de chaves perdidas.

esquecidas
abandonadas
negligenciadas
apartadas provavelmente de forma definitiva de seu sentido, de seu encontro, de sua brecha particular

digo coletivo de chaves porque me incomodou ler molho - que é verbete sem acento e, nesse caso específico, também sem liquidez

trouxe-as comigo, as chaves. e meu enquadramento passou a incluir o chão

é que decidi
resgatar outras, todas, cada uma, tantas quantas encontrar

um dia chegará em que tilintaremos todos(em uníssono impossível)

cada desencontro lírico,
y los combustibles dolores,
e cada aborto de happy end...

já vejo a imensa floresta pendular, e nós já não podendo falar disso sem rir.

terça-feira, setembro 09, 2008

memoriam

Por teu crepúsculo de minhas pálpebras
pelos
suspiros e espasmos íntimos no mosaico de nossos peitos
urgentes e interrompidos

sou réu confesso.

e aguardo





não a pena











o tinteiro.

quarta-feira, setembro 03, 2008

the fool and the blind girl, or Eva F.

fria água
que outrora vinho

e o que era carinho
espinho

de hora pra outra
a conta

do amor de verdade
pela metade