havia na nova relação de amor, certa vontade de enamoramento. ambos celebravam pequeno suas congruências e equivalências íntimas. dejà vus de si no outro, coincidências improváveis, semelhanças inatas e, no canto da boca, um sorriso atestado da raridade do encontro. vez em sempre, associavam à espelhitude a tal potência, chegando talvez a procurá-la. não que se inventassem duplos, mas talvez iluminassem preferencialmente apenas parte do quadro todo, deixando calada porcentagem considerável de si - pulsão de cara-metade, um desses fenômenos inconscientes chegados via herança romântica. com o tempo, senhor dos contornos e das arestas, novos caracteres emergiram em meio ao conhecido. e o diverso, enquanto desconhecido, fez-se inseguro - ainda que não fosse. e o inseguro - que é mau alicerce - fez-se questão. a diferença, a princípio eventual, tomou mais tarde as madrugadas. em algumas semanas, já eram dela os silêncios no carro, e as filosofias de botequim(separaram-se). mas os ponteiros giram...
mais a frente na linha do tempo, reencontro. e nele a possibilidade de ampliar a perspectiva - retrospectiva.
o sol desce, a lua vem, e num estalo, o sol a voltar - !
abraço longo.
e o entendimento de que o "se" tem algo de papai noel.
boa ficção, e nada mais.
conheciam-se
e amavam-se enfim.
agora sim